Jejum Antes de Exames de Sangue em Cães e Gatos: Entenda a Importância

Quando nossos companheiros de quatro patas precisam realizar exames de sangue, é comum o veterinário recomendar um período de jejum antes da coleta. Mas você sabe por que essa orientação é tão importante? Neste artigo, vamos explicar os motivos pelos quais o jejum é essencial para garantir resultados precisos nos exames laboratoriais de cães e gatos.​

Por que o período de jejum é necessário?

O jejum antes da coleta de sangue é fundamental para evitar interferências nos resultados dos exames. A presença de alimentos no sistema digestivo pode alterar a composição do sangue, afetando a precisão das análises laboratoriais. Veja abaixo os principais motivos:​

1. Evitar a Lipemia (Excesso de Gordura no Sangue)

Após a ingestão de alimentos, especialmente os ricos em gorduras, o sangue pode apresentar uma condição chamada lipemia, que se caracteriza pela presença de partículas de gordura na corrente sanguínea. A lipemia torna o soro sanguíneo turvo, o que pode dificultar ou até impossibilitar a realização de certos exames laboratoriais, como:​

• Bioquímica Sanguínea: Avalia funções hepáticas, renais e metabólicas. A lipemia pode interferir na medição precisa de enzimas e outras substâncias.​

• Dosagem de Colesterol e Triglicerídeos: A presença de gordura recente no sangue pode elevar artificialmente os níveis dessas substâncias, levando a diagnósticos incorretos.​

Além disso, a lipemia pode favorecer a hemólise, que é a ruptura das hemácias (glóbulos vermelhos), causando alterações nos resultados dos exames.​

2. Resultados Mais Precisos em Testes de Glicose

A glicose sanguínea é diretamente influenciada pela alimentação recente. Se o animal tiver se alimentado antes da coleta, os níveis de glicose podem estar elevados, o que pode mascarar ou simular condições como:​

• Hiperglicemia: Níveis elevados de glicose que podem indicar diabetes mellitus.​

• Hipoglicemia: Níveis baixos de glicose que podem ser perigosos e requerem intervenção imediata.​

3. Facilitar a Sedação, se necessário durante a coleta de sangue

Em determinadas situações, especialmente quando o animal é muito agitado ou o exame requer imobilização, pode ser necessário sedá-lo. A presença de alimentos no estômago aumenta o risco de aspiração — ou seja, a entrada de alimentos ou líquidos nas vias respiratórias — durante a sedação, o que pode levar a complicações graves. O jejum prévio reduz significativamente esse risco, promovendo maior segurança durante o procedimento.​

A duração ideal do jejum pode variar conforme o tipo de exame e as orientações do médico veterinário. No entanto, as recomendações gerais são:​

• Cães e gatos adultos: jejum alimentar de 8 a 12 horas antes da coleta de sangue.​ 

• Filhotes e animais com condições especiais: jejum mais curto, geralmente entre 4 a 6 horas, para evitar episódios de hipoglicemia.​

Durante o período de jejum, é fundamental oferecer água fresca normalmente, a menos que o veterinário indique o contrário.​

4. Considerações específicas de acordo com a espécie 

Cães

• Jejum: Cães geralmente toleram bem o jejum de 8 a 12 horas.​

• Atividades: Evite exercícios físicos intensos antes do exame, pois podem alterar os níveis de certas substâncias no sangue.​

• Estresse: Mantenha o ambiente calmo para reduzir o estresse, que pode afetar os resultados dos exames.​

Gatos

• Jejum: Gatos podem ser mais sensíveis ao jejum prolongado. Consulte o veterinário para determinar a duração adequada.​

• Ambiente: Gatos são animais sensíveis a mudanças. Mantenha uma rotina tranquila e evite alterações no ambiente antes do exame.​

• Transporte: Utilize uma caixa de transporte familiar ao gato e, se necessário, use feromônios sintéticos para reduzir o estresse durante o deslocamento até a clínica.​

5 . Conclusão

O jejum antes da coleta de sangue é uma prática simples, mas essencial para garantir a precisão dos exames laboratoriais e a segurança do seu cão ou gato. Sempre siga as orientações do seu veterinário quanto à necessidade e duração do jejum, e informe-o sobre qualquer condição de saúde pré-existente que o animal possa ter.​

Lembre-se: a colaboração entre o tutor e o profissional de saúde é fundamental para o bem-estar do seu amigo de quatro patas.