A dermatofitose, também conhecida como micose superficial, é uma infecção fúngica da pele, pelos e unhas de cães e gatos, causada por dermatófitos dos gêneros Microsporum, Trichophyton e Epidermophyton. Essa condição é de relevância clínica e epidemiológica, considerando sua natureza zoonótica e o impacto na saúde pública.

Etiologia e Epidemiologia

Os principais agentes etiológicos incluem:

• Microsporum canis: predominante em gatos e cães, responsável por grande parte dos casos em animais domésticos.
• Microsporum gypseum: encontrado no solo, afeta cães e gatos com contato ambiental.
• Trichophyton mentagrophytes: associado a roedores e ambientes úmidos, afeta cães, gatos e humanos.

A infecção ocorre por contato direto com animais infectados ou com o ambiente contaminado, sendo mais prevalente em áreas com alta densidade populacional animal e condições sanitárias inadequadas.

Sinais Clínicos

Os sinais clínicos variam conforme a espécie e a localização das lesões:

• Cães: alopecia circular, crostas, escamas, eritema e prurido variável. Lesões comuns em face, orelhas e membros.
• Gatos: alopecia circular, com bordas bem definidas, eritema e escamas. Lesões frequentes em face, orelhas e membros anteriores.

Diagnóstico Laboratorial

O diagnóstico definitivo de dermatofitose é laboratorial e envolve:

1. Exame Microscópico Direto

Consiste na observação de amostras de pelos ou escamas, previamente tratadas com solução de hidróxido de potássio a 10% (KOH) ou óleo mineral, sob microscópio de luz. Permite a visualização de hifas e esporos dos dermatófitos, sendo útil para diagnóstico inicial. 

2. Cultura Fúngica

Considerada o padrão-ouro, a cultura fúngica permite a identificação da espécie de dermatófito envolvida. Amostras de pelos ou crostas são inoculadas em meios seletivos como ágar Sabouraud dextrose com cloranfenicol e ciclohexamida. O crescimento típico ocorre entre 7 a 14 dias, com colônias de coloração característica. 

3. Lâmpada de Wood

Utiliza luz ultravioleta para identificar cepas de Microsporum canis que emitem fluorescência verde-amarelada. Embora útil como método auxiliar, não é definitivo, pois outras substâncias podem também fluorescer. 

4. Exame Citológico

A escarificação da lesão seguida de coloração rápida pode revelar hifas e esporos, permitindo diagnóstico imediato. Contudo, a confirmação da espécie fúngica requer cultura fúngica. 

5. Biópsia Cutânea

Indicada em casos atípicos ou quando há suspeita de outras dermatopatias associadas. A biópsia permite avaliação histopatológica detalhada, embora não seja rotina no diagnóstico de dermatofitose. 

Importância do Diagnóstico Laboratorial

O diagnóstico laboratorial preciso é fundamental para:

• Identificação da espécie fúngica: direciona o tratamento antifúngico específico.
• Prevenção de zoonoses: algumas espécies de dermatófitos são zoonóticas, representando risco para humanos.
• Controle epidemiológico: permite monitoramento da prevalência e disseminação da infecção.
• Avaliação da resposta terapêutica: acompanhamento do sucesso do tratamento e prevenção de recidivas.

A dermatofitose é uma infecção fúngica comum em cães e gatos, com potencial zoonótico significativo. O diagnóstico laboratorial preciso, por meio de métodos como exame microscópico direto, cultura fúngica, lâmpada de Wood, exame citológico e biópsia, é essencial para a escolha adequada do tratamento e controle da infecção.

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